Orgulho e Preconceito” foi escrito por Jane Austen no fim do século 18. Considerado um dos melhores romances da literatura mundial, ele já ganhou várias versões cinematográficas, sendo que a de 2005 recebeu quatro indicações ao Oscar. Essa passagem bem-sucedida das grandes obras literárias para as telonas tem sido uma constante desde a invenção do cinema. Mas, ao dar caras e cenários para aquilo que o escritor pôs em palavras, a sétima arte acaba com uma das magias da literatura, que é justamente deixar esse prazer para a imaginação do leitor.
Não que o cinema não tenha sido um bom divulgador de grandes obras literárias para novas gerações ou que ele não tenha caprichado na transposição dos livros para os filmes. A versão cinematográfica de “O Senhor dos Anéis” – trilogia vencedora de 17 Oscars, lançada entre 2001 e 2003 – é uma impressionante produção que revelou a novos públicos um clássico da fantasia escrito por J.R.R. Tolkien entre 1937 e 1949. Mas, são linguagens muito diferentes. Mesmo nas mais sofisticadas e caprichadas transposições cinematográficas não há como se reproduzir o encanto que o livro deixa a cargo da imaginação de cada um. Além disso, nem toda boa obra literária permite uma boa versão cinematográfica. As tentativas feitas para adaptar “Ulisses”, de James Joyce, mostram isso. Considerado por críticos um dos melhores romances de todos os tempos, a obra tem uma complexidade e uma densidade difícil de ser levada para a linguagem cinematográfica.Mesmo numa era em que têm predominado as linguagens audiovisuais e eletrônicas, a literatura continua a ser uma arte sublime e insubstituível. Assim por melhor que seja o filme ou a peça teatral inspirada num clássico literário, ele não conseguirá substituir o prazer da leitura do livro original.