quinta-feira, 10 de junho de 2010

O LIVRO DAS GRANDES REPORTAGENS


Autores: William Waack, José Hamilton Ribeiro, Joel Silveira, Luiz Carlos Azenha, Edney Silvestre, Fernando Molica, André Luiz Azevedo, Geneton Moraes Neto (organização);

Gênero: Reportagem

Editora: Globo

Formato: 20,5 cm x 13,5 cm

Número de páginas: 337


Oito repórteres diante de oito grandes personagens: uma prova de que o livro é o espaço nobre para a grande reportagem hoje no Brasil.
Quem disse que já não há espaço – nem leitores – para relatos de fôlego sobre grandes personagens?
“Há anos fala-se que “a grande reportagem morreu”. Chega dessa ladainha maldita! Em vez de participar do velório, repórteres que nunca deixaram de acreditar que a reportagem é a matéria-prima do jornalismo arregaçaram as mangas para fazer, no LIVRO DAS GRANDES REPORTAGENS, aquilo que o jornalista deveria ser obrigado, por lei, a fazer: escrever da melhor maneira possível tudo o que viu e ouviu de interessante e relevante”, diz o repórter Geneton Moraes Neto, editor do Livro das Grandes Reportagens e autor de um dos capítulos do livro.
Desafiar repórteres experientes a escrever suas memórias sobre personagens inesquecíveis, que encontraram ao longo da carreira jornalística, a partir de reportagens levadas ao ar no Fantástico, programa exibido pela Rede Globo.
Essa é a concepção do primeiro volume de O Livro das Grandes Reportagens , lançamento da Editora Globo, que traz textos inéditos, escritos em primeira pessoa, sobre bastidores de encontros de jornalistas com tipos memoráveis, em cenas que não caberiam na TV.
O novo título da coleção Fantástico é uma prova de que o livro se transformou, no Brasil, em espaço nobre para a grande reportagem.
No texto de William Waack, o leitor é transportado para o ano de 1979, o local é o Irã, palco da revolução conduzida pelo aiatolá Khomeini. O relato contribui para o entendimento do que acontece hoje naquele país, que continua ocupando local de destaque nos noticiários internacionais. Waack explica o cenário pré-revolução, as origens e formação religiosa de Khomeini. Na análise do jornalista, a revolução conduzida por Khomeini é o ponto de partida de uma revolta que, em determinada vertente, acabou se transformando nos atentados de 11 de setembro.
André Luiz Azevedo enfoca outra figura política: o general-presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo e sua relação “tempestuosa” com a imprensa. Numa tarde, em 1999, Figueiredo dá a sua versão para fatos e frases que viraram folclóricos e fala sobre como via a guerra particular que travou contra os repórteres. A sabedoria popular do anônimo personificada em Zé Bilico , um produtor rural de Itapecerica, Minas Gerais, é o tipo inesquecível de José Hamilton Ribeiro. “ Eu encanei no Zé Bilico porque ele é uma das poucas pessoas – talvez a única, talvez a última – a manter numa fazenda o costume de capar o galo!”
Luiz Carlos Azenha narra encontro com o astronauta Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na lua. “Neil pode ter sido o primeiro homem a pisar na Lua, mas eu fui o primeiro a fazer xixi”. O texto remonta aos tempos da guerra fria, da disputa entre EUA e a então URSS pela corrida espacial. Azenha aborda desde quando Buzz era piloto da base aérea na Alemanha Ocidental até a aposentadoria precoce aos 41 anos, devido à depressão e ao alcoolismo. Na conversa, há espaço para o futuro da exploração espacial e para o desejo do astronauta de conhecer Fernando de Noronha.
Em tempos de análises filosóficas para a cabeçada do craque francês Zidane na final da Copa do Mundo da Alemanha, os leitores são agraciados com curiosidades e confissões de Pelé em um depoimento a Geneton Moraes Neto, também organizador da publicação. O Rei do Futebol descreve pressões sofridas para disputar a Copa do Mundo de 1974, qual o melhor parceiro em campo, o gol mais bonito. E ainda confessa uma pequena frustração: não conseguir ganhar de Rivelino no tênis.
Edney Silvestre faz um relato emocionante das últimas palavras ditas para a TV pelo poeta Allen Ginsberg, grande rebelde romântico do século 20. O escritor morreu de um câncer no fígado, em 5 de abril de 1997, logo depois da entrevista. Ginsberg revela, entre outras coisas, como construiu o poema “Kaddish”, considerado um dos seus melhores e como foi apresentado a Paul McCartney por Bob Dylan, em 1965.
As memórias de Joel Silveira remontam ao ano de 1944. A entrevista que fez com Monteiro Lobato provocou o fechamento da revista Diretrizes . Era a época da ditadura do Estado Novo, que pusera o criador do Sítio do Picapau Amarelo na prisão. Monteiro Lobato revela que arquivava e catalogava todas as cartas que recebia das crianças.
Num momento de disputa eleitoral, o retrato de Leonel Brizola escrito por Fernando Molica, encarregado de seguir os passos do candidato do PDT durante a campanha presidencial de 1994, conduz o leitor aos meandros da política brasileira. O repórter fez uma viagem ao universo brizolista, o que lhe valeu não só revelações históricas sobre Jango, cunhado de Brizola, mas algumas inusitadas relacionadas com a esposa Neusa.

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